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terça-feira, 5 de outubro de 2010

Arte | Pigmentos

A substância finamente moída que fornece a cor depois de misturada com um líquido, tornando-se tinta, chama-se pigmento. Não se dissolve, ou seria um corante. O pigmento pode ser usado em meios diferentes, como o óleo ou a aguarela, com algumas condições. Os pigmentos usados no fresco, por exemplo, têm de ser alcalino-resistentes, para que o gesso de calcário os receba bem. Os tradicionais pigmentos usados no Renascimento eram obtidos a partir de minerais como rochas e pedra - ou de fontes orgânicas. Por exemplo, índigo é obtido a partir de uma planta e de um insecto, a cochinilha. Os pigmentos de origem vegetal tendem a descorar com o tempo e outros podem escurecer. O verdete, verde transparente do resinato de cobre, torna-se acastanhado com o tempo.









Primários



O azul mais apreciado é o ultramarino, feito com o mineral lápis-lazúli. Era estraído de uma só fonte, as minas existentes no Norte do actual Afeganistão. O ultramarino era tão caro que os patronos específicavam, geralmente num contrato adicional, em que partes do quadro queriam que ele fosse utilizado - quase sempre no manto da Virgem. Para o céu usavam-se azuis mais baratos, como óxido de cobalto. O único vermelho intenso era o vermelhão, obtido naturalmente do cinábrio, um minério de mercúrio, ou preparado sintéticamente.
O amarelo de chumbo e estanho foi um dos pimeiros; o ocre-amarelo também era popular.






Cinábrio







Ultramarino e Vermelhão







Lápis-lazúli



Cores de terra

Sienas naturais, umbras e ocres, que produzem vermelhos carregados e amarelos suaves, não podiam faltar nas paletas renascentistas e barrocas. As cores de terra eram estavéis na tinta de óleo e baratas. Podiam ser usadas cruas ou torradas, como o café, para criar uma cor mais rica. Alguns artistas, entre eles Rembrandt, pintavam préviamente a madeira ou a tela com uma mistura de cores de terra que iluminavam as subsequentes camadas de tinta. Quaisquer cores frias que se usassem contrastavam com o calor geral do quadro.


Hematita


Preparação dos pigmentos

No Renascimento, a pintura era um trabalho de equipa.
A aprendizagem do ofício durava cerca de quatro anos e começava pela preparação das cores. Os aprendizes recolhiam os pigmentos de terra e compravam os mais raros. Tinham de moer os pigmentos até obterem um pó fino que ficasse uniformemente suspenso no meio e produzisse uma cor o mais forte possível. Depois de dominarem a preparação de materiais, aprendiam a desenhar e a pintar.


Azurite
Este pigmento azul-arroxeado adquire um tom esverdeado quando é moído, sendo portanto demasiado verde para o céu. Era muito usado no Renascimento como primário ou como uma alternativa barata ao caríssimo ultramarino.



Azurite






Utensílios e matéria prima para a criação dos pigmentos e posteriormente da tinta.




Avanços tecnológicos

No final do séc. XVIII descubriu-se uma gama mais vasta de pigmentos estáveis e em meados do séc. XIX surgiu uma grande quantidade de cores novas e fortes. Os métodos de embalagem evoluíram, tornando as tintas portáteis e fáceis de usar. Esses avanços mudaram o modo de trabalhar dos artistas e colocaram a pintura ao alcance do artista amador.




Século XIX

Até ao séc. XIX era limitada a gama de pigmentos à disposição dos pintores. Por volta de 1800 descubriu-se o crómio e passaram a estar disponíveis o amarelo cromo, o verde cromo, ou viridiano, o amarelo o laranja e o vermelho de cádmio. O amarelo de Nápoles substituiu o amarelo de chumbo e o estanho.
No século XIX, uma série de corantes artificiais produziram o malva bem como azuis e verdes mais estáveis, como o verde esmeralda (que mais tarde se descubriu ser tóxico) e o azul cobalto. Esses pigmentos tinham uma cor forte, eram baratos e sintéticos e funcionavam, em qualquer meio, do óleo à aguarela. Até o ultramarino passou a ser feito sintéticamente, com o nome de ultramarino francês.



Materiais portáteis

Manet retratou o seu amigo impressionista Monet a pintar ao ar livre, o que seria impraticável sem cavaletes ou telas portáteis ou tubos de tintas já preparadas.





Monet no seu atlier flutuante, Édouard Manet, 1874



A tinta já preparada surgiu no séc. XVII mas em sacos que tendiam a rebentar. Tinham de ser prefurados para se usar a tinta e a que sobrava secava e endurecia.


Saco de bexiga de porco




Bisnagas

Em 1841, inventaram os tubos de tinta leves e herméticos. Isso permitiu aos pintores trabalhar ao ar livre e desenhar como se estivessem a usar aguarelas ou lápis.






Ouro e Metais preciosos


O dourado era usado no fundo de quadros religiosos, simbolizando o reino celeste, antes do Renascimento popularizar os cenários e paisagens naturalistas, e também nos halos. A folha de ouro era colocada ou colada numa zona humedecida e por vezes coberta com argila vermelha para tornar o seu brilho mais quente.
A folha de ouro era então trabalhada - perfuravam-se nela padrões - de modo a cintilar à luz das velas. Os artistas também usavam tinta feita com ouro em pó, ao qual se chamava ouro de concha por ser guardado numa concha de mexilhão. Por vezes usava-se folha de prata.




Nossa Senhora com o menino, Jacopo de Cione, c. 1367-70



Século XX

No séc. XX, a par de novas formas de pintar e de novos meios tridimensionais surgiu uma diversidade de pigmentos, texturas e acabamentos. A arte feita em computador alargou as possíbilidades do artista e os avanços tecnológicos continuam no séc. XXI.

, auxíliado por Grande Enciclopédia da Arte, Civilização Editores, lda.

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